Num lugar improvável, esquecido e acidental, estaciona uma rulote. Este acontecimento banal engendra uma nova realidade num sítio que até então era como se não existisse. Personagens vindas do escuro da noite, viajantes, seres errantes, figuras do quotidiano mas também do sonho, a pretexto da instituição desse sítio, passam a existir diante do espectador, a existir na sua individualidade e a existir umas com as outras. Pressente-se então, intangível, um mecanismo subliminar que encadeia na sua lógica de caos e de ordem todos os movimentos decorrentes desse acontecimento inicial, num sistema perfeito de ruptura e continuidade.
Os indivíduos dão lugar a um coro, a realidade transfigura-se em visão, o espaço físico é tanto o da essência do concreto e do palpável, como do «projectado», do transfigurado sensitivamente, emocional-mente, musicalmente, poeticamente…
Há uma comunidade local com a qual os actores se relacionam e no seio da qual o espectáculo vai nascer: o teatro a co-habitar com a vida; formula-se um olhar sobre o indivíduo, sobre a cidade e sobre o mundo.
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